“Todo o humano é condição de antítese interna; efetivamente, tudo subexiste como fenômeno da energia. A energia depende necessariamente de uma antítese existente, sem a qual não poderia existir. Sempre deve ter altura e profundidade, calor e frio, para que possa ter esse processo de compensação que chamamos energia. Toda a vida é energia, e depende, portanto, das forças situadas em posição antagônica” (Jung, 1918: 75).”
O estudo do feminino e masculino vem permeando as nossas vidas há séculos como energias opostas, mas, complementares, que precisam ser equilibradas. Muitos são os estudos e conceitos sobre este equilíbrio. Os antigos chineses, desde os Séc. II, época do surgimento do Taoismo (Lao Tse), deduziram que tudo no universo tem duas polaridades: a Yin, que poderíamos considerar o pólo negativo e o Yang, que seria o pólo positivo. Não existe uma conotação de bom ou mau, são polaridades dos fenômenos da natureza que se relacionam mutuamente e que se complementam. O Yin não pode existir sem o Yang e vice-versa. São pólos extremos, opostos, mas interdependentes, dentro do Yin e do Yang está incluída a sua parte oposta, ou seja, dentro da natureza Yang, está o Yin. Há um movimento cíclico e contínuo desses dois elementos: quando o Yin chega ao seu potencial máximo começa a se transformar em Yang. Um exemplo claro desse conceito seria compararmos o Yin como sendo noite e Yang como sendo dia. O dia não pode existir sem a noite, eles fazem parte do mesmo fenômeno, e se complementam. Quando a noite chega ao seu potencial máximo, meia-noite, o Yin começa a transformar-se em Yang (dia); este ao atingir seu limite (meio- dia) começa a transformar-se em Yin; assim o ciclo é mantido. Entre os extremos (meia-noite e meio-dia) existem as fases intermediárias.
Mais recentemente percebemos este mesmo conceito nos estudos de Jung, que nos trouxe o conceito de Anima e Animus. O arquétipo da anima constitui o lado feminino no homem, e o arquétipo do animus constitui o lado masculino na psique da mulher. Ambos os sexos possuem aspectos do sexo oposto, não só biologicamente, através dos hormônios e genes, como também psicologicamente, por meio de sentimentos e atitudes.
Trazendo estes conceitos para o mundo atual da mulher no mercado de trabalho, percebemos a necessidade do gerencimento dessas energias (yang/animus e yin/anima), a fim de que ela possa equilibrar essas duas forças e aproveitar o máximo do lado positivo dos dois pólos, com a consciência da existência do lado negativo que existe em cada um. Com a nossa experiência no mundo corporativo atendendo executivas, verificamos que cada vez mais elas atuam na energia Yang, esquecendo do Yin. Isto deve-se ao fato que, tradicionalmente, este mercado pertence ao homem , à forca yang , e, a mulher entende que, para ser respeitada e valorizada neste mercado, ela precisa desenvolver fortemente esta energia, esquecendo-se da sua própria origem (energia Yin) , permancendo mais tempo no pólo negativo do Yang. O que a mulher precisa compreender é que ela não precisa estar num pólo ou em outro, ela deve aprender a gerenciar as forças destes dois pólos, integrando o lado positivo dos dois, e , minimizando o lado negativo deles.
Aliás, para reforçar ainda mais a necessidade de valorizar o lado positivo do Yin, podemos citar a antropóloga norte-americana Helen Fischer, que relata que a mulher, devido a diferenças biológicas em relação aos homens, apresenta facilidade maior para algumas habilidades de liderança; habilidades essas que com o mundo globalizado e interconectado como o atual, são cada vez mais necessárias. Estas habilidades são:
Pensamento em rede
Pensam em rede, unindo maiores variáveis, enquanto os homens pensam de maneira mais linear. Um estudo feito com as Fortune 500, sobre a grande contribuição das mulheres para o mundo dos negócios, o consenso foi que elas ofereciam um ponto de vista menos convencional.
Flexibilidade Mental
Este pensamento em rede permite à mulher ter uma maior flexibilidade, o que leva uma maior capacidade de imaginação, já que é capaz de considerar uma maior gama de possibilidades.
Articulação Verbal
Mulheres falam mais cedo do que homens e têm um vocabulário mais rico. A palavra é a arma da mulher, provavelmente selecionado na evolução por elas terem menor força física que elas têm.
Habilidades Sociais Executivas
É a habilidade de ler o que não está sendo dito, talvez também desenvolvido devido ao papel da maternidade; uma mãe tem de ler o que o bebê está sentindo.
Colaboração e Empatia
Este ponto também está relacionado à necessidade ancestral de construir uma rede de proteção para a prole. Um exemplo é que, se injetarmos hormônio masculino em pássaros e em mamíferos eles ficam mais agressivos e disputam território, mas se injetarmos hormônio feminino tendem a produzir comportamentos de acolhimento e de integração ao grupo. A biologia interfere em nosso comportamento e as mulheres deveriam aproveitar este fato.
Portanto, ao reprimir seu lado Yin, a mulher está abrindo mão de exercitar estas habilidades que lhes são mais naturais do que nos homens.
Para ajudá-las a atingir este equilíbrio mencionamos os estudos do Dr. Barry Johnson (Phd in Organizational Developmente from International College in Los Angeles, USA), que nos últimos 30 anos vem se dedicando aos estudos de gerenciamento de polaridade. No modelo de polaridade abaixo, podemos identificar os pólos opostos , mas interdependentes da energia Yin e Yang. Nos quadrantes superiores temos o lado positivo dos pólos Yin e Yang , nos quadrantes inferiores o lado negativo destes mesmos pólos. O objetivo é transitar pelos dois pólos, permanecendo o maior tempo possível nos quadrantes superiores, o que significa integrar o que há de bom na energia Yang e na energia Yin, e, minimizar o máximo possível o que há de ruim nestas mesmas energias.
Pensando nas mulheres e observando este modelo, o ideal é que as executivas desenvolvam os comportamentos positivos do quadrante superior do lado Yang como: o fazer, a assertividade, o foco na tarefa, a produtividade, sem perder os comportamentos positivos do Yin, como: o ser, o ouvir , o foco no outro e no relacionamento e o acolhimento, além de estar sempre atenta para não cair no lado negativo destes pólos , como do lado Yin ( a submissão, passividade) e do Yang (agressividade, egoísmo).
Percebam no modelo que não é um pólo OU outro, e sim um pólo E outro, o que faz com que equilibremos as nossas forcas, levando o indivíduo mais próximo de sua essência. Portanto, não existe o certo e o errado, eles subexistem dentro de cada um dos pólos, e o nosso papel é escolher a melhor característica a ser usada no momento vivenciado.
A mulher executiva precisa rapidamente resgatar a sua essência feminina (YIN) tendo a consciência da contribuição que ela pode trazer para o desenvolvimento do mundo dos negócios, pois podemos perceber que todas as habilidades relatadas pela Dra. Helen Fischer pertencem ao lado positivo do pólo Yin, que muitas vezes está sendo negligenciado. Ao acolher este lado, a mulher poderá trazer resultados e criar um ambiente harmonioso e de respeito, focando na tarefa e nas pessoas ao mesmo tempo; ela pode“ser” e “fazer”, “sentir” e “pensar”. A partir de sua transformação pessoal poderá transformar o mundo corporativo onde está inserida.
Autores: Priscila Godoy, Eliete Gomes e Frederico Porto.
Fontes: Polarity Management, Johnson, Barry Yin e Yang,
A Harmonia Taoista dos opostos, Cooper, J.C. Animus e Anima, Jung, Emma The First Sex , Fisher, Helen |
segunda-feira, 25 de julho de 2011
O EQUILIBRIO DO FEMININO E DO MASCULINO NO PAPEL DA MULHER EXECUTIVA
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